Não podemos hoje nem pudemos em qualquer circunstância assistir a um encontro entre Frida Kahlo e Madonna, dado não terem sido contemporâneas. Mas podemos, perfeitamente, imaginar esse encontro. As duas figuras icónicas à escala internacional são o epicentro da 3.ª edição da “Imperfeita”, uma exposição de pintura patente no espaço Coletivo 284, na Rua das Amoreiras, com curadoria de Adriana Scartaris e a ideia basilar de que “A tua idade não te define”.
São 29 os artistas de diversas nacionalidades que retratam, com obras de diferentes estilos artísticos, tessituras e espessuras físicas e psicológicas das duas protagonistas. No fio condutor da “Imperfeita”, somos testemunhas de um diálogo entre ambas as mulheres no âmbito do qual são desconstruídos estereótipos alusivos à idade, ao envelhecimento e à imperfeição.
À mulher que morreu em 1954, Frida Kahlo, reconhecemos intemporalidade. À mulher que nasceu em 1958, hoje sexagenária, Madonna, reconhecemos uma permanente capacidade de se reinventar e manter atual. Nessa simbiose entre ambas e a partir desse fio que podemos puxar sobre a intemporalidade, encontramos inputs relevantes para a valorização da mulher e da própria sociedade contemporânea. E da imperfeição, por sinal.
Na exposição, que comporta uma componente tecnológica e interativa, encontramos ainda obras de artistas apoiados por diversas organizações de cariz social – Fundação AFID Diferença, Fundação LIGA e Associação Quinta Essência –, cujo valor de venda reverte na íntegra para estas instituições.
O Coletivo 284 foi o espaço onde lancei o meu livro As Perguntas que Somos e a verdade é que, desde que lá fui pela primeira vez conhecê-lo e explorar a hipótese de lá lançar o livro, fiquei magicamente atraída por este lugar onde me sinto em casa. E, sabemos, não temos este sentimento repetidamente. Muito pelo contrário, não é comum que o sintamos. Daí a singularidade (pelo menos para mim) deste lugar que, agora, com esta exposição, me mostra como é tão importante sermos imperfeitos.
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