No Museu Calouste Gulbenkian, encontramos até 7 de outubro uma exposição dedicada a Sarah Affonso (1899-1983), pintora modernista portuguesa em que assentou como uma luva a velha expressão “por trás de um grande homem, há sempre uma grande mulher”. Foi mulher de José de Almada Negreiros e, não raras vezes, terá por isso ficado na sombra. Estão por explorar e expor mais o seu percurso e a sua obra. Antes de casar com o artista multifacetado, com efeito, Sarah Affonso tinha já dado vários passos na consolidação da sua carreira e, ao longo de grande parte do século XX, desenvolvia uma obra modernista de incontestável qualidade.

A propósito do 120.º aniversário do nascimento de Sarah Affonso, a Gulbenkian mostra-nos uma exposição centrada na relação da artista com a cultura popular do Minho, já que entre 1904 e 1915 foi Viana do Castelo a cidade que a acolheu e que lhe valeu as memórias conservadas da infância e da adolescência.

Nesta exposição, vemos espelhadas as tradições de conotação minhota, as feiras, as procissões, as romarias, os costumes. Há uma predominância do retrato, do carrossel e do coreto nas obras assinadas por Sarah Affonso e, para além da pintura, assistimos nesta mostra ao desenho, às composições, aos objetos cerâmios, aos têxteis, às peças de ourivesaria.

Cruzamo-nos, nesta mostra, com a consolidação de um discurso sobre o Minho, que nos permite celebrar um encontro com uma parte significativa do ser português.

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