Não me lembro das primeiras palavras que troquei com a minha amiga Magda, quando nos cruzámos pela primeira vez no colégio, corria o 3.º ano da primária e o primeiro de tantos de amizade. Daquelas amizades que vêm e são para sempre. Fomos percorrendo, com muitas, muitas histórias, ano após ano, até nos tornarmos adolescentes e cada uma das nossas vocações ganhar a nitidez dos campos em cada uma das estações (quando eram estáveis).

Do lado da Magda, saltavam à vista as artes e a sensibilidade (que o verdadeiro artista tem) para apenas de uma janela enxergar o mundo e de ouvido cheio escutar os sons recônditos, até os do silêncio. Entre as artes da Magda, surgiam a pintura, o desenho, o domínio dos materiais, o conhecimento das tintas, dos pincéis, das cores, dos cheiros. Seguiu arquitetura. Antes, porém, lá bem atrás, cimentou com a música uma relação de vida inteira que começou nos 4 anos, quando se iniciou no piano. Outros instrumentos se seguiram. Na capela do colégio onde andámos havia à mão um piano, cujas teclas me pareciam na altura maiores do que eu e onde a Magda tocava logo de pequenina os temas clássicos por onde passam invariavelmente todos os alunos de piano. Quando anos mais tarde voltei a ouvir a Magda tocar, já dava aulas sem mãos a medir a alunos dos 4 aos 100. Mas a Magda estreou-se entretanto também no desporto, em modalidades como a vela, onde o contacto com a natureza a levou de volta aos passeios que dava com os avós e às memórias dos seus ensinamentos, à pegada que lhe deixaram…

É longa esta introdução, bem sei, mas só com ela podia situar a Magda, que acaba de criar um site, onde me revejo e onde sobretudo com muito orgulho revejo e identifico cada passo que a Magda foi dando até chegar aqui. Falo do www.aazinhaga.com. Um novo espaço na Internet, para ir e ficar. E voltar a ir. E ficar.



Por azinhaga podíamos apenas querer dizer ruela ou beco ou quelha, o que fosse. Se não estivéssemos a referir-nos ao site da Magda. Aqui é possível encontrar um mundo novo, para lá da Alice de Lewis Carroll e do seu país das maravilhas. Partindo do disclaimer Aprender pela Arte e Ofício, o site que a Magda criou de raiz agrega num portefólio de artes e ofícios uma panóplia de workshops, ordenados por miúdos e graúdos, que vão desde a música, à escrita, ao contacto com a natureza. A natureza é aliás palavra mestra na azinhaga. Todos os workshops decorrem numa casa linda na Trafaria, na qual há uma quinta a perder de vista e a empurrar o olhar para o quão bonita é a nossa cidade de Lisboa, do outro lado da ponte. É um lugar para aprender, para ensinar, para contar e ouvir histórias, como a da Alice, e outras que tais, daquelas que nos devolvem às nossas origens, à nossa essência, à nossa identidade. A Magda diz, no texto de apresentação do seu site: «Vivo dentro da imagem que gerei. Era uma vez e assim será». E por isso vive com asas… A meu ver.


PS: Um dia destes ligou-me a Magda a dizer: «Estou prestes a lançar o meu site e queria fazê-lo já incluindo vários workshops. Gostava muito que desses um deles. Que tal sobre comunicação, atualidade, jornalismo?» Na minha reação de contentamento entre vê-la seguir o seu sonho e a surpresa por me chamar para um desses workshops, respondi: «Conta comigo, claro! Já sei qual é o workshop: é de escrita! O tal que dei em 2015. Já o tenho todo estruturado». E em minutos acertámos o workshop Escrita, para que te quero?


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