A diversidade que papagueamos com a velocidade que sabemos ter a luz está, não raras vezes, desligada de um propósito sólido e genuíno de inclusão da diferença, num mundo que tende a impor-se pelo padrão aceite e pela mancha uniforme de perfis, não reclamada.
Nas organizações, ela é apregoada e nem sempre seguida. Na sociedade, ela é defendida e tantas vezes ofendida e negligenciada. Nas comunidades, carece tantas outras vezes de um sentido e da visão comum sobre um rumo. Nas cidades…
Lembro-me de uma exposição de arte urbana que tínhamos até há pouco tempo na praça central do Amoreiras, Creative Hall, que unia em torno do eixo temático da cidade 7 artistas totalmente diferentes e as diferenças das suas disciplinas implícitas. Os sentimentos e emoções, a natureza, personagens e ambientes, pinturas e gravuras, o sobrenatural, o digital e a cor ligaram-se num fio condutor único que permitiu dar corpo e alma a uma exposição multidisciplinar. O público ganhou uma experiência cultural relevante e, lá está, multidisciplinar para uma leitura diversa e enriquecida sobre como a diversidade contribui para um resultado mais dinâmico, mais agregador, mais abrangente e representativo de quem a vê.
Imaginemos levar esta inspiração para o mundo concreto em que vivemos… já pensaram verdadeiramente no que uma liderança inclusiva pressupõe? Outro dia lançaram-me esse desafio e ocorreram-me três aspetos. 1) a integração e valorização de equipas diversas, em todas as vertentes: idade, género, geografia, raça e religião, background cultural, mobilidade física, capacidade cognitiva… A diversidade vivida de forma séria e consequente está intrinsecamente ligada a um forte sentido de pertença em nome de um 2) propósito claro e comum: saber exatamente qual o papel e contributo específicos para as metas de toda a equipa e a razão de existência de toda a organização. Por último, a consciência sobre como se 3) impacta a vida do outro (diferentes stakeholders incluídos) consiste numa medida para (através de pequenos passos, mas exequíveis) transformar o mundo.
E não é isso que a arte procura fazer? E se a levarmos para as nossas vidas correntes? Transformaremos o mundo. E isso pode acontecer lá (longe). Ou aqui.
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