F azer o bem, bem feito. É o lema do Doutor Finanças, empresa de matriz tecnológica, intermediária de crédito vinculado, certificada pelo Banco de Portugal e com múltiplas presenças no TOP 30 do Portugal Fintech Report. O que a suporta são os parceiros e isso significa que, para o cliente, o acesso aos serviços prestados é gratuito. Juntam-se conhecimento especializado e ferramentas tecnológicas desde o arranque, em 2014. A criação da Clínica Doutor Finanças, o lançamento do livro Doutor Finanças e a Bata Mágica, 10 milhões de visualizações alcançados no portal e 500 milhões de euros adjudicados em crédito habitação constituem marcos memoráveis ao longo dos 9 anos de atividade. Para além do crédito habitação, os conselhos operam também em áreas como a energia, os seguros ou a saúde financeira das empresas. Rui Bairrada, o seu líder, um empreendedor natural, orgulha-se da empresa que construiu de raiz e que hoje emprega mais de 200 pessoas altamente competentes e vocacionadas para uma missão que é um serviço público: criar maior saúde e literacia financeiras. O Rui, que gere com o coração e “sente coisas” (como ele diz), é simultaneamente um empreendedor financeiro e um extraordinário ser humano. Depois de ter aceite um convite para a sua rubrica do Doutor Finanças “Almoços com…”, reforcei a convicção de que teríamos de concretizar esta conversa. E partilhá-la.   


Começo pela tua relação com o dinheiro: que memórias tens sobre a forma como essa relação foi evoluindo ao longo da vida?

Como qualquer outro assunto, nunca foi tabu no meu seio familiar. Quando comecei a trabalhar e a ter um ordenado, apesar de ser um adolescente, tinha já consciência do seu valor e de tudo aquilo que envolve. Naturalmente, a maturidade foi-me acrescentando formas de o ganhar e de o gerir, e foi ficando mais clara a importância da liberdade financeira. O dinheiro pode trazer-nos felicidade, sim, no sentido de que faz parte do nosso equilíbrio natural. O corpo, a mente e a carteira querem-se o mais saudáveis possível. Percebi cedo que ter o controlo das nossas finanças, tomar decisões informadas, conseguir “tratar o dinheiro por tu”, abre caminho a uma relação mais tranquila com o dinheiro. Nunca tive uma relação tóxica com dinheiro, daquelas que assentam em sacrifícios e privações. Na verdade, é possível gerir, poupar e até investir, desde que estejamos bem preparados, tenhamos um plano ou estratégia e equilibremos as metas a que nos propomos.

E em relação a nós, portugueses… temos, é sabido, dificuldade em falar abertamente de dinheiro e continua a ser tabu dizer quanto se ganha ou excêntrico assumir que se quer ser rico. Como descreves a relação dos portugueses com o dinheiro?

Os portugueses, na sua maioria, ainda não resolveram a sua relação com o dinheiro. Uma vez mais, falamos de tabus, sim. Continuamos a não dizer ao vizinho quanto é que ganhamos, tal como não partilhamos sugestões ou informação sobre determinados instrumentos de poupança ou investimento, receando que sejam copiados ou ultrapassados no montante arrecadado. Por outro lado, o dinheiro, para muitos portugueses, continua a ser o “vil metal” que só traz dores de cabeça. Persistem na postura de quem espera, muito aflito, pelo final do mês para receber o seu vencimento, sem ter um orçamento familiar mensal definido, isto é, sem ter consciência dos rendimentos e das despesas com que deve contar. Ainda assim, porque sou um otimista nato, considero que esta tendência pode ser invertida, e se trabalharmos juntos, os portugueses com mais conhecimento sobre finanças pessoais, podem tornar esta relação com o dinheiro em algo muito mais positivo.

Rui Bairrada Entre Vistas 74

Situemo-nos em 2014. O que está na origem da criação do Doutor Finanças?

O Doutor Finanças começa a ganhar corpo, e sentido, na sequência de um projeto que já estava em curso, numa outra empresa que ajudei a fundar. Numa época económica complicada, era urgente estar ao lado das famílias sobreendividadas para que voltassem a ter controlo das suas finanças, das suas vidas. Com o foco na literacia financeira e o firme propósito de dotar as pessoas de mais conhecimento e ferramentas para evitar problemas de maior, como o incumprimento ou insolvência, a nossa ajuda passava pela formação, mas também pela renegociação de créditos habitação ou consolidação de créditos. Entre o sonho e o espírito de missão, este projeto ganhou força, autonomia, através de um pequeno grupo de profissionais que se identificaram com a criação do Doutor Finanças: uma empresa especializada em finanças pessoais, que passou a chegar às pessoas, digitalmente, através de alguém que vestia orgulhosamente uma bata e que, até hoje, se disponibiliza para sarar as dores das suas carteiras.

Quem é que vos procura?

Somos procurados mensalmente, via Portal, por cerca de dois milhões de portugueses que têm dúvidas e esclarecem-nas através dos nossos artigos ou usando os nossos simuladores e calculadoras; mas também porque precisam de orientação para encontrar o melhor crédito para comprar casa; transferir o atual para melhores condições (tema na ordem do dia, devido à subida das taxas de juro); aliviar o orçamento mensal, consolidando os seus créditos; ou até para melhorar a sua carteira de seguros.

Somos, orgulhosamente, uma empresa inclusiva, em constante escuta ativa, atenta às necessidades das nossas Pessoas, de grande proximidade e transparência. E não sou eu quem diz tudo isto, são os nossos: que nos ‘permitiram’ ser distinguidos com o prémio Best Place to Work.

Numa sociedade com poucos recursos, por um lado, e de consumo e hedonista, por outro lado, que lugar há para introduzir hábitos de poupança?

Há muitos caminhos, ainda que seja uma tarefa árdua. Se esta tarefa pode ser mais dura junto da população adulta, que nunca incorporou os hábitos corretos, estou convicto de que junto das crianças e dos jovens vamos muito a tempo. E os resultados não vão tardar a aparecer. A nossa experiência de trabalho no âmbito da literacia financeira junto dos mais novos, por exemplo com o lançamento do livro infantil O Doutor Finanças e a Bata Mágica, que em 2022 foi adaptado para peça de teatro infantil pelo TIO – Teatro Independente de Oeiras, diz-nos que nunca é demasiado cedo para introduzir conceitos financeiros base na educação. Naturalmente ajustados às idades, estes conteúdos são determinantes para formar aquele que virá a ser um adulto, financeiramente, mais consciente.

Continuamos, hoje, apesar da quantidade de informação disponível, a assistir a iliteracia financeira?

Infelizmente, sim. A literacia financeira dos portugueses está em último lugar, entre os 19 países da Zona Euro, segundo o ranking do Banco Central Europeu (BCE), de 2020. A missão do Doutor Finanças é ajudar os portugueses a alcançar o bem-estar financeiro, através da literacia financeira, pois só assim conseguiremos ‘arrancar’ Portugal da cauda do ranking europeu sobre esta matéria. Há muito trabalho por fazer, sim, mas para o Doutor Finanças a literacia financeira é uma bandeira que não nos cansaremos de carregar e agitar. A par da oferta dos nossos serviços enquanto intermediário de crédito, mantemos a aposta, constantemente reforçada e atualizada, dos conteúdos, simuladores e calculadoras disponíveis no nosso Portal; bem como livros, como o recentemente publicado Ganhar, Poupar e Investir. Este livro procura ajudar as pessoas a ultrapassar com menos dor este período de subida da inflação e de taxas de juro em alta. E, por isso, passa por temas tão relevantes como: rendimentos e impostos; formas de obter rendimentos extra; a importância de poupar em casa, criar um fundo de emergência, como comprar ou alugar uma casa ou como escolher o melhor crédito, entre outros. Apostamos, igualmente, na formação, através da Academia Doutor Finanças junto das empresas, autarquias, escolas, associações, ONG e público em geral, para que possam dar ferramentas de literacia financeira aos seus colaboradores​, promovendo a reflexão sobre os objetivos de cada pessoa e incentivando a alteração de comportamentos.

Na atual conjuntura financeira, com as taxas Euribor a aumentar, há uma corrida aos vossos serviços?

Em termos de procura pelos nossos serviços, atualmente, estamos numa trajetória de crescimento. Estamos a viver um ano desafiante e ainda a recuperar do impacto da pandemia da Covid-19. As famílias portuguesas passaram a ter de lidar com a subida das taxas de Euribor e o aumento da inflação. E, claramente, estão a sentir a necessidade de ajustar os seus planos. Sentem, sobretudo, necessidade de rever os seus encargos e despesas. Com este objetivo em mente, recebemos muitos pedidos de ajuda e, na sua larga maioria, procuram-nos para rever os seus encargos, nomeadamente através da transferência do seu crédito habitação e da revisão dos seguros, ainda que continuemos a registar pedidos de ajuda para aquisição de casa.

Afirmo, muitas vezes, que tenho o melhor emprego do mundo: ajudamos, efetivamente, as pessoas a equilibrar as suas vidas, disponibilizando soluções para alcançarem o bem-estar financeiro, não lhes cobramos nada, mas ainda assim ganhamos dinheiro.

Olhemos para dentro da organização: o Doutor Finanças é enquanto empresa reconhecida por uma equipa de colaboradores fortemente comprometidos, felizes no local de trabalho. Em que consistem as vossas medidas de ligação às pessoas?

Todas as áreas que constituem o Doutor Finanças primam pela dedicação e o empenho, mas, quem me conhece, sabe que tenho particular paixão sobre a área dos Recursos Humanos. Precisamente, porque se foca nas Pessoas, o bem mais valioso de qualquer empresa. Pode soar a frase batida, mas, para mim, e no Doutor Finanças, trata-se de uma convicção, transformada em forma de estar e de gerir a empresa. A felicidade do outro importa-nos mesmo. Felizmente, a equipa que coordena esta área destaca-se pelo dinamismo, interesse e cuidado genuínos. Somos, orgulhosamente, uma empresa inclusiva, em constante escuta ativa, atenta às necessidades das nossas Pessoas, de grande proximidade e transparência. E não sou eu quem diz tudo isto, são os nossos: que nos ‘permitiram’ ser distinguidos com o prémio Best Place to Work. Além das condições contratuais, procuramos oferecer serviços ou produtos que respondam às suas necessidades, mas, fundamentalmente, ao seguirmos um modelo de trabalho flexível e altamente colaborativo, pretendemos abrir caminho para que as nossas pessoas tenham, efetivamente, um equilíbrio entre a sua vida pessoal e a vida profissional.

Em que momento destes 9 anos entenderam que o vosso lema é “fazer o bem, bem feito”? Falamos da descoberta de um propósito?

Esta nossa máxima surgiu-nos cedo. E rapidamente se consolidou. Passou de uma máxima inspiradora, quase que em tom de ‘grito de guerra’ inspiracional, para uma missão ou propósito. Afirmo, muitas vezes, que tenho o melhor emprego do mundo: ajudamos, efetivamente, as pessoas a equilibrar as suas vidas, disponibilizando soluções para alcançarem o bem-estar financeiro, não lhes cobramos nada, mas ainda assim ganhamos dinheiro. O feedback que nos chega dos milhares de pessoas que ajudamos anualmente dá-nos a certeza de que só a “fazer o bem, bem feito” podemos fazer a diferença nas suas vidas.

Do teu percurso anterior no setor financeiro, concretamente no Deutsche Bank, o que transferiste para a gestão, no comando máximo, da empresa que criaste?

Todo o meu percurso profissional está profundamente marcado pela oportunidade que me foi dada de trabalhar no Deutsche Bank. Entrei muito jovem, como estafeta, e agarrei todos os desafios que me foram sendo colocados. As lições que fui arrecadando, quase que diariamente, não foram só técnicas e de conteúdos financeiros. Foram também do foro pessoal, ou seja, vinham da difícil, mas sempre benéfica, gestão emocional que temos de fazer. Cresci muito, em todos os sentidos. No dia em que decido sair, depois de um trajeto de ascensão conseguido com muito esforço e dedicação, sabia bem o que queria, e o que não queria, replicar numa empresa minha. O ambiente de oportunidades, de espaço para fazer, opinar com base no mérito próprio inspirou-me muito e mostrou-me grande parte do caminho que queria seguir.

Dizem que a minha liderança é uma liderança de afetos. Concordo, mas na certeza de que não a procurei em livros de gestão.

Fundamentalmente, interessas-te é… por pessoas. E essa particularidade faz toda a diferença na liderança de uma empresa. Qual é a tua visão para a liderança?

Quando constituo a primeira empresa, pós a experiência no Deutsche Bank, todas as lições que referi vieram ao de cima: as pessoas estariam sempre no centro de tudo e ao seu redor tentaria construir um projeto que a todos pudesse inspirar para que, no final do dia, o sucesso seja, realmente, de todos. Dizem que a minha liderança é uma liderança de afetos. Concordo, mas na certeza de que não a procurei em livros de gestão. Sinto que me encaixo neste perfil, porque eu, à semelhança de outros, escolho trabalhar com proximidade e transparência. As pessoas importam, sim. E vão sempre importar.

Que principal legado pretendes deixar aos teus filhos?

O da liberdade. O da liberdade de pensar, escolher e decidir, de ajudar, genuína e desinteressadamente o próximo. A família é um dos meus pilares, sou um filho, irmão, pai e marido, muito orgulhoso.

Rui Bairrada Entre Vistas 75

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