Era eu uma aluna de Comunicação Social da Universidade Católica Portuguesa, quando, corria o ano 2000, assistia assiduamente ao programa da RTP2 Travessa do Cotovelo, na altura com entrevistas conduzidas por Maria João Seixas. Já seguia, com toda a atenção, o formato entrevista, atraída pelo ato de perguntar, de auscultar e interpelar o outro. E o outro, na Travessa do Cotovelo, era por norma alguém muitíssimo interessante, para mais com Maria João Seixas na moderação.

Com um misto de curiosidade e saudade da Travessa do Cotovelo, fiquei expectante quando percebi que a mesma RTP2 iria exibir, numa série de 13 programas, ao domingo à noite, um novo programa com Maria João Seixas ao leme, desta vez na companhia de José Pedro Serra, Professor e Diretor da Biblioteca da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.

Em conversas «descontraídas e apaixonadas», como refere o site da RTP, Maria João Seixas e José Pedro Serra propõem-se mapear o pensamento ocidental, com paragens na Grécia e Roma antigas, na Idade Média, no pensamento político, nas heranças árabe, judaica e cristã.

Em cenários sempre diferentes (o primeiro foi na própria Biblioteca da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa) e, justificando-se, com «especialistas e curiosos» adicionados à conversa, o programa Raízes traduz não só uma iniciativa louvável de reconstituição da identidade ocidental, como a confirmação de que a televisão – neste caso, na sua dimensão de serviço público – pode ainda hoje ser um fórum de discussão e debate de qualidade.

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