Depois de um interregno de treze anos, Milan Kundera voltou em 2014 a publicar, fazendo as delícias dos seus seguidores e daqueles que, como eu, o leem desde que a consciência e a memória permitem guardar com maior compreensão as leituras.

Ainda não tinha 20 anos quando me apaixonei pela Insustentável Leveza do Ser, a obra magna de Kundera e aquela que me levou a ler, do mesmo autor, A Imortalidade, A Identidade, A Lentidão, A Ignorância, O Livro do Riso e do Esquecimento e A Arte do Romance. Foram de resto estes alguns dos livros que marcaram a minha adolescência. E lá ficaram. Até que surgiu A Festa da Insignificância, que li num ápice. Sobretudo porque se impôs a curiosidade sobre o que me diria Kundera uns bons 15 anos depois…

E que “festa” é esta que A Festa da Insignificância propõe? É a interação entre quatro amigos parisienses que deambulam por alguns lugares icónicos de Paris, como o Jardim do Luxemburgo, numa deriva estridente que denuncia o vazio – leia-se, a ausência de sentido – da existência contemporânea.

A Festa da Insignificância transpira alguns dos problemas mais sérios da atualidade sem recorrer a um único parágrafo sério. Nesta publicação, Kundera recorda o que na sua opinião o riso perdeu nesta nossa época e como o sentido de humor está hoje comprometido e sacrificado. Provavelmente, neste livro, Kundera resume toda a sua obra, referindo-se de forma muito inteligente às várias coisas que, não desonrando propriamente a existência humana, também não a enaltecem nem lhe acrescentam qualquer valor, tal não é a abundância de coisas que por aí se fazem sentir… sem o mínimo resquício de sentido.

E estava quase cumprida a década de 1920 (aquela em que todos os meus avós nasceram), quando Kundera nasceu, mais precisamente, em 1929. E é com a mesma reverência e o mesmo respeito que tenho pelos meus avós que olho para Kundera. O escritor é da antiga Checoslováquia, mas fixou residência, em 1981, em Paris, onde acabou por adotar nacionalidade francesa. É reconhecido como um dos mais prestigiados escritores do século XX e entre as suas obras contam-se diferentes géneros, como o romance, o ensaio e a poesia.


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