Há meia dúzia de meses, surgiu no Facebook uma nova página dedicada à fotografia que, em meia dúzia de dias, rapidamente chegou aos milhares de seguidores, totalizando hoje mais de 4600 likes. Chama-se Isabel Nolasco Photography e reúne centenas de fotos tiradas maioritariamente em Timor-Leste, onde a autora mora, e por tantos outros países aonde a máquina fotográfica a leva com olhar astuto e observador. Através desta página, o oriente ficou de repente disponível em cada post de Isabel Nolasco.

A natureza em bruto (aquela em que a industrialização não se imiscuiu ainda), os comportamentos desformatados (aqueles em que a sofisticação ainda não chegou para comprometer a espontaneidade) e a pose desempoeirada (aquela em que a objetiva da máquina fotográfica não criou ainda nenhuma atitude mecânica) são as principais matérias-primas da autora. O ecossistema é o do oriente, onde a inspiração nasce naturalmente. E a atitude, essa vem da astúcia dos olhos que, segundo Isabel Nolasco, «deviam ter nascido com um disparador para captarem o que veem, o belo, os ângulos, as formas, as cores, a luz, os momentos irrepetíveis, as memórias vividas e os sentimentos captados».


Como se apenas isto não chegasse ou não tivesse já o seu devido valor, acrescentaria (e isto, garantidamente, tem ainda mais valor e interesse) que este é um daqueles exemplos de como o sonho não escolhe momentos… Com 50 anos de idade e a vocação para a fotografia sempre latente, Isabel Nolasco recebeu formação na área da fotografia em Lisboa e, mais recentemente, em Díli. Está a realizar um sonho antigo. Começou devagarinho e com humildade, mas ao mesmo tempo a transbordar de dedicação e entusiasmo. Como a própria diz: «como um amor inato, em bruto, daqueles que temos dentro de nós e mal sabemos que, um dia, irá rebentar, declarar-se, fazer-se sentir à flor da pele, viver».

A qualidade do trabalho fotográfico de Isabel Nolasco desencadeou já solicitações maiores e convites para fotografar e assinar publicações, prevendo-se que a página no Facebook evolua para um site aberto a toda a comunidade, onde constarão não só as fotografias das viagens da autora, mas também o registo dos momentos mais inócuos – e tantas vezes os mais significativos – do seu dia a dia.


Porque nada se repete, a beleza da fotografia é gigante… E, afinal, a da própria vida. Que a fotografia regista. A meu ver.


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