Uma famosa gravura do alemão Albrecht Dürer (1471-1528), de 1514, citada no Doutor Fausto, de Thomas Mann, inclui um famigerado quadrado mágico que vemos por vezes por aí, numa espécie de persuasão (é o que me sugere, pelo menos, a mim) sobre a possível existência da perfeição.

À margem de um amontoado de equipamentos científicos que cercam um intelectual absorto em pensamentos aparentemente sem saída, aparece no canto superior direito uma tabela de números em desenvolvimento aritmético. Nessa tabela, o famoso quadrado mágico, a soma dos vários números em cada coluna, linha ou nas duas diagonais (em qualquer sentido) é sempre, sempre igual: 34.

A origem do quadrado mágico não está confirmada, mas há indicações que nos remetem a sua existência inaugural para épocas longínquas das culturas chinesa, indiana ou árabe. Origem à parte, certo é que o quadrado mágico terá conquistado a atenção de Dürer, nesta sua gravura designada Melancholia I, numa alusão a um dos quatro humores clássicos: sanguíneo, colérico, fleumático e melancólico.

Numa transferência do quadrado mágico, no seu invólucro de perfeição, para os nossos dias, surge-nos, mesmo que mais subtil do que súbita, uma inspiração sobre os vários caminhos que podem levar a uma solução, numa simbologia da solução partilhada, com o envolvimento das várias partes de um grupo, de uma equipa, de uma comunidade, nos seus diferentes olhares, percursos e estádios de desenvolvimento e maturidade. O quadrado mágico de Dürer constitui uma verdadeira inspiração sobre o caminho certo, o qual, por sua vez, vem cheio de caminhos. É plural.

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