Isabel Nolasco, cujo projeto fotográfico é aqui acompanhado desde o arranque em 2014, acaba de publicar o seu primeiro livro. Latitudes da Semelhança. Uma compilação de fotografias que os seus olhos captaram, ainda antes da sua objetiva, em 40 dias e 40 noites em que permaneceu em Omã e no Irão. Na sua disponibilidade para se aproximar, para depois se distanciar e com a distância revelada marcar um momento, um sentido, uma mensagem, um grito, Isabel Nolasco regista neste compêndio visual uma espécie de tratado de sociologia. Uma perspetiva da própria condição humana.
Através da evidência do que é diferente, a autora revela-nos quão semelhantes somos, quão próximos, quão cúmplices, cumprindo esse propósito feliz a que se propõe este livro: «destacar as semelhanças mais do que as diferenças, mostrar as latitudes da semelhança, demonstrar que somos mais iguais do que diferentes, nos nossos sonhos, no seio da família, no trabalho, no labirinto dos afetos, nos sorrisos cúmplices e nas lágrimas partilhadas». Diz-nos Isabel Nolasco, com a lupa de um olhar treinado pela vida para ver de e mais longe. E chegar perto. Contra preconceitos tantas vezes erguidos por uma falsa globalização.
Curioso é que, neste livro Latitudes da Semelhança, Isabel Nolasco fotografa a preto e branco. Mostrando como apenas ambos os tons se compaginam com o mais íntimo do ser humano e cuja verdade uma total palete de cores poderia escamotear e inebriar. Isabel Nolasco contribui, com o seu olhar penetrante, para uma apologia da proximidade, um tributo à valorização das diferenças, uma homenagem à humanidade.
Com coordenação e edição de Luís Filipe Sarmento, este livro da Poética Edições indexa a cada uma das fotografias de Isabel Nolasco o comentário de um artista, numa atitude louvável de multidisciplinaridade. Ana Margarida de Carvalho, Luís Sepúlveda, João Gil, Alice Vieira, José Eduardo Agualusa ou Maria Anadon são alguns dos autores que assinam. Em tom poético, as suas frases, ao lado das fotografias de Isabel Nolasco, surgem a emoldurar.
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